Espumantes ingleses humilham champanhes em prova cega


Sabia que no Reino Unido se produziam vinhos de muito boa qualidade? Pois é, paulatinamente, o reino de sua majestade está a começar na senda dos vinhos, muito em especial na área dos espumantes. O clima britânico não será dos mais propícios para a vinha – pelas poucas horas de sol e pelas temperaturas algo baixas – mas para espumantes, que não exigem uvas com maturações muito avançadas, têm sido suficientes. Às vezes, melhor dizendo, porque este ano, por exemplo, a vindima foi muito má e alguns (dos poucos produtores) nem vão fazer vinho. O preciosismo e a sede de conhecimento dos britânicos – com alguma ajuda do know-how dos vizinhos franceses - tem contudo servido para que nos últimos anos se tenham aqui produzido espumantes de muito boa qualidade. Em 2012 foi realizada uma prova cega confrontando espumantes ingleses com outros do novo mundo e com alguns champanhes. A amostra era pequena (apenas seis) mas o painel era muito alargado, com 60 provadores do Institute of Masters of Wine, entre professores e alunos. Um espumante inglês - Nyetimber 2009 – conseguiu o segundo lugar, logo atrás de um Louis Roederer (sem data) e à frente de outro espumante inglês e de um americano. Nos últimos lugares ficaram um neo-zelandês e um sul-africano.

Dois espumantes britânicos arrasam champanhes franceses

O maior escândalo aconteceu recentemente, também no resultado de uma prova cega, congregando vários especialistas da crítica vínica de renome internacional e outros com experiência. No total eram 12. Por lá passaram, por exemplo, Jancis Robinson, Neal Martin (The Wine Advocate) e Jamie Goode. Foram servidos 12 vinhos espumantizados: quatro ingleses e oito franceses. Quando foram anunciadas as classificações, as bocas abriram-se de espanto: nos dois primeiros lugares ficaram dois espumantes ingleses - Hambledon Classic Cuvée e Nyetimber Classic Cuvée 2010 – que bateram marcas como Pol Roger, Taittinger e Veuve Clicquot. Nos últimos três lugares ficaram champanhes, enquanto os dois restantes ingleses tomaram o 6º e 9º lugar. É verdade que a organização limitou o preço dos vinhos a entrar (40 libras, isto é, 55 euros) e isso negou a entrada a vários champanhes de alto preço. Já  agora, a prova foi organizada pela revista inglesa Noble Rot (pode ver aqui um PDF da reportagem).

Taittinger vai plantar vinhas em Inglaterra
Considerando que o Reino Unido é um forte mercado para espumantes, esta prova provocou muito alvoroço no mundo dos que trabalham com as ‘borbulhas’, incluindo, claro, muitos consumidores. Quem não deve ter gostado nada foram os produtores franceses, que têm agora mais um concorrente, não bastando os Cava, Proseccos e outros que tais, de todo o mundo (e algum dia uns espumantes portugueses, pois então…). Curiosamente, ou não, alguns dias depois veio-se a saber que uma das marcas de referência em França, a Champagne Taittinger, já anunciou que vai plantar vinhas em Inglaterra, em Kent, ao pé de Canterbury, sul de Inglaterra. O projecto já tem nome (Domaine Evremond) e terra, mais concretamente 35 a 40 hectares de vinha (Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier) e uma adega. O objectivo é produzir espumantes ingleses no segmento alto mas o produtor já avisou que não lançará vinhos antes de 2025-2030!

Fonte: Revista dos vinhos

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