Brancos que aquecerão seu inverno
por Wagner Gabardo
A chegada do frio faz com que nos tornemos mais “tinteiros” que o habitual. Acabamos deixando de lado os vinhos brancos por achar que eles não harmonizam com o inverno. Será mesmo? Assim como nos permitimos tomar vinhos tintos mais frescos no calor do verão também podemos beber vinhos brancos que acompanhem uma boa comida invernal.
Neste caso, o ideal é optarmos por vinhos brancos mais untuosos, que tenham algum passo por carvalho durante o seu processo de elaboração e/ou maturação. São aqueles brancos de aromas mais maduros, com notas tostadas e de especiarias. Brancos de uvas aromáticas como Gewurztraminer e Viognier em versões varietais ou em cortes também podem ser interessantes.Vinhos destes estilos se permitem consumir a uma temperatura mais elevada que os demais por possuírem riqueza de perfume e acidez moderada. Um vinho branco mais intenso é naturalmente mais gastronômico e acaba por revelar sua complexidade de aromas e sabores quando servido entre 10 e 13 graus.
Se pensarmos nos pratos mais apreciados no inverno percebermos que os vinhos brancos podem harmonizar muito bem. O clássico fondue de queijo será bem acompanhado por um Chardonnay com passo por madeira, um Semillon envelhecido e um Fumé blanc. A untuosidade e gordura do prato casa com o estilo destes vinhos. Queijos curados como parmesão e pecorino e os levemente picantes como gruyére também são perfeitos para um acordo com brancos de mais corpo.
Se a vontade é de sopas os vinhos brancos também se revelam grandes parceiros: caldo verde, creme de mandioquinha ou de alho poró são receitas ideais. Aos que preferem as carnes, um pernil suíno ou peru assados e um bom bacalhau confitado são a pedida ideal para acompanhar vinhos brancos encorpados.
Para os amantes de risotos, onde a manteiga e o parmesão sempre marcam presença no prato, a harmonização com brancos amadeirados é clássica. A sensação “amanteigada” é, indiscutivelmente, completar a este prato ícone da cozinha italiana.
Na sequência, algumas recomendações de brancos perfeitos para as noites de inverno. Independente de qual for a sua escolha lembre-se que não há necessidade de servi-los extremamente frios. Permita que um bom branco também te aqueça nesta temporada.
Amayna Sauvignon Blanc Barrel Fermented 2009, Vale de Leyda, Chile (R$133, Mistral). Belo e raro exemplar de Sauvignon Blanc com fermentação em carvalho francês. Esta prática precisa de uma Sauvignon concentrada e de ótima qualidade para que o resultado seja um vinho com bom equilibro entre fruta e madeira. E Amayna conseguiu produzir um vinho único, que mistura aromas tropicais de cupuaçu a notas lácteas e de baunilha. Na boca mostra-se encorpado e de boa persistência.
Aveleda Reserva da Família 2011, Bairrada, Portugal (R$104, Interfood). A acidez equilibrada conferida pela Bical – uva branca insígnia da Bairrada – alidada aos aromas florais da Fernão Pires e a frutas amarelas maduras aportada pela Chardonnay, que fermenta e estagia em carvalho, compõe um branco elegante, untuoso e persistente.
Quara Single Vineyard Torrontés 2011, Cafayate, Argentina (R$78, La Pastina). Vinhas antigas da Torrontés em seu terroir nativo produzem um vinho incomum. A fermentação em barricas novas de carvalho francês, seguida de um estágio sobre borras finas na própria madeira por cerca de seis meses conferem complexidade, untuosidade e potencial de guarda a este vinho. Notais florais, de baunilha e tostadas o tornam exuberante e saboroso.
Salton Virtude Chardonnay 2012, Campanha Gaúcha, Brasil (R$50, Salton). Chardonnay, a uva branca que historicamente esteve de mãos dadas com o carvalho não poderia faltar nesta seleção. O terroir da Campanha conferem acidez equilibrada e concentração suficientes para o vinho suportar o estágio de seis meses em carvalho novo, 50% francês e 50% americano. O resultado é um branco perfumado, estruturado e complexo. Apresenta grande tipicidade dentro do clássico estilo de Chardonnay amadeirado.
Wagner Gabardo
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