BRASIL, A ROLHA DA VEZ? Vinho brasileiro anda marcando gols de placa mundo afora.
Obra á esquerda produzida por Juárez Machado, artista plástico brasileiro (Joinville, 16 de março de 1941) que gosta dos prazeres da vida. |
Por Wagner Gabardo
O mundo parece estar reconhecendo o
talento dos enólogos e a qualidade dos vinhos brasileiros. Na rápida passagem
que fiz pela ultima Expovinis tive algumas conversas com enólogos de vinícolas
brasileiras que me fizeram refletir. Testemunhei a alegria de Flavio Pizzato,
que me contou a bela notícia de que três
de seus vinhos entraram na carta da classe executiva de três companhias aéreas
europeias: KLM, Britsh Airways e Lufhtansa. Merecido para um trabalho
consistente que a Pizzato tem apresentado ao longo dos anos. Vinhos elegantes,
verticais, equilibrados ou simplesmente “classudos” como prefiro chamar. Já
tive o privilégio de conduzir uma degustação vertical de seus vinhos – cerca de
8 safras diferentes – e pude comprovar
que o vinho brasileiro pode envelhecer bem.
Tenho notado a satisfação de Miguel Ângelo
de Almeida, enólogo português que veio ao Brasil com a tarefa de vinificar as
uvas da campanha gaúcha para a Miolo e vestiu a camisa do camisa do vinho
brasileiro. Está tão feliz com o resultado do seu trabalho e com o terroir que
lhe cruzou o caminho que não demonstra sentir falta de trabalhar em Portugal.
Alias, graças a ele descobri que o Brasil tem condições sim de produzir vinhos
de ótimo custo benefício e competitivos com produtos similares argentinos e
chilenos. Basta perdermos o preconceito com o vinho nacional e derrubarmos
estigmas de que para que nosso vinho seja bom, deve ser caro. Mentira. Tem
apenas quinze reais no bolso e gostaria de tomar um bom vinho? Tome um Almadém,
você não vai se arrepender.
Impossível não falar em Copa do Mundo a
essa altura e não perceber o crescimento da Vínícola Lídio Carraro. Comandada
pela jovem enóloga Monica Rossetti, produziu o vinho oficial do mundial de
Futebol, o Faces, com a criativo corte de onze uvas aludindo ao numero de
jogadores de uma equipe em campo, cada um com o seu papel. Há poucos anos
atrás, salvos os entusiastas do vinho brasileiro e alguns profissionais da área,
poucos conheciam essa pequena vinícola que fincou videiras em Encruzilhada do
Sul e apostou na filosofia de produção de vinhos de qualidade sem nenhum uso do
carvalho. E mais me alegra o fato de que por traz de um grande vinho, há uma
grande mulher.
Mais recentemente, tive a grata notícia
pelo site da Ibravin de que as exportações de vinho brasileiro quase
quadruplicaram em comparação com o ano anterior. Além disso, o valor médio por
garrafa aumentou, posicionando o Brasil no segmento de vinhos intermediário de
ótimo custo-benefício, sem competir com produtos de entrada dos vizinhos do
Mercosul. Atualmente podemos cruzar com rótulos “brazucas” nas prateleiras de
lojas no Reino Unido, Alemanha, Bélgica, Holanda e Japão.
Se o Brasil ganha ou não o mundial de
futebol jogando em casa é algo incerto. Mas já estou feliz que o vinho
brasileiro anda marcando gols de placa mundo afora.
Saúde
Wagner Gabardo