VINHO DA MADEIRA




Como podemos constatar na parte histórica, a Ilha da Madeira desde sempre se ocupou com o plantio da vinha, não só pelas qualidades do vinho daí proveniente assim como subsistência para o povo madeirense.
Tal como em outras Regiões, o pequeno produtor não podia fazer o seu próprio vinho para depois o vender, porque não dispunha de grandes quantidades assim como de instalações próprias.

Restou-lhe o ter que o vender a vitivinicultores que ao vinificarem o seu vinho, recebiam também as quantidades que lhes eram levadas pelos Borracheiros, que em fila Indiana o levavam dentro dos seus borrachos (recipientes feitos de pele de cabra) e assim aumentavam a sua produção.
Hoje em dia o transporte quando necessário é feito de automóvel por estradas apropriadas para o efeito e não só.
Também o turismo e a Industria Hoteleira permitem-lhes ter um outro nível de vida e ao mesmo tempo continuarem a fazer os seus célebres Madeiras.

História 
Segundo a História, decorria o ano de 1419 quando João Gonçalves, Tristão Vaz Teixeira e Bartolomeu Perestrelo chegaram a estas ilhas no meio do Atlântico (Madeira e Porto Santo), e assim as deram como descobertas.

João Gonçalves tinha o apelido de Zarco porque, segundo José Hermano Saraiva no seu livro “Lugares Históricos de Portugal” era zarolho.


  • O Duque de Clarence era um nobre inglês que após ter sido condenado à morte na sequência de um atentado contra o seu irmão Eduardo IV, escolheu morrer afogado num tonel de Malvasia da Madeira.

  • O vinho da Madeira era largamente exportado para Inglaterra, França, Flandres e Estados Unidos. Francisco I (1708/1765), afirmava que o vinho da Madeira era o mais rico e delicioso vinho europeu. As famílias mais importantes de Boston, Charleston, Nova Iorque e Filadélfia competiam entre si para adquirem os melhores vinhos da Madeira.

  • Shakespeare, na peça que escreveu a Henrique IV, refere-se ao vinho da Madeira, referenciando quando o personagem Falstaaf vendeu a alma ao diabo em troca de um pedaço de frango e um copo de "Vinho da Madeira.

  • “Um vinho requintado” O Madeira era considerado pela maioria das cortes europeias, um vinho de elevado requinte. Inclusivamente era utilizado para servir de perfume aos lenços das damas da corte. Em Inglaterra, o Madeira e o Vinho do Porto disputavam o primeiro lugar nas preferências da corte.

  • A produção de vinho da Madeira foi estimulada pela presença dos ingleses na ilha, que fizeram com que o vinho fosse conhecido em toda a Europa e América, tornando-se o vinho preferido em banquetes e mesas requintadas das cortes europeias e nas respectivas colónias. Por exemplo, foi com vinho da Madeira que em 4 de Julho de 1776 se brindou à independência dos Estados Unidos da América, provavelmente porque era o vinho de eleição do estadista Thomas Jefferson.

A Ilha da Madeira cedo começou a interessar ao Infante D. Henrique que a considerou privilegiada para o plantio da vinha e da cana-de-açúcar. Assim, mandou vir da Grécia cepas "Malvasia", originárias de Napoli di Malvasia, perto de Sparta, e introduziu o seu cultivo nesta Ilha.

A ilha da Madeira “que é a principal Ilha”, situada no oceano Atlântico a 400 milhas da costa do Marrocos, forma com a ilha de Porto Santo o Arquipélago da Madeira.
Fica a uma distância de 978 km do continente português.
Com uma superfície total de 740,7Km2, a Ilha da Madeira está situada entre os paralelos 30 e 33º N, em pleno Oceano Atlântico.

De clima ameno, de terrenos saibrosos, de solos vulcânicos e basálticos, a vinha conquistou a Ilha e a paisagem madeirense transformou-se.

A vinha ocupa, neste mundo rural, cerca de 1700 ha e destina-se sobretudo à produção do VLQPRD “Madeira”, produto de exportação. Já no Século XVII as zonas eleitas para esta cultura são as encostas soalheiras viradas a sul onde, na sua forma alta, a vinha dá abrigo a outras culturas, muito embora se cultive também em forma baixa, em especial nas vizinhanças do mar.

Os “borracheiros” iam em fila indiana percorrendo longas distâncias, às vezes 20 quilómetros,  para entregar os seus “borrachos”. Hoje em  dia, o “borracheiro” limita-se a aparecer nas festas  populares ou recriando momentos de história da Madeira. Agora é utilizado o transporte automóvel para levar as uvas e o mosto até aos grandes produtores.

Aqui produzem-se os VLQPRD assim como o Vinho Regional “Terras Madeirenses”.


Vinho Regional - “Terras Madeirenses”

LEGISLAÇÃO BASE
Portaria n.º 86/2004, de 2 de Abril, da Secretaria Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais, Portaria n.º 87/2004, de 2 de Abril, da Secretaria Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais, e Declaração de Rectificação, de 24 de Maio de 2004, da Secretaria Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais, que rectifica o anexo único da Portaria n.º 86/2004, de 2 de Abril.

ÁREA GEOGRÁFICA
Abrange as ilhas da Madeira e do Porto Santo.

TIPOS DE VINHO       RENDIMENTO           TÍTULO ALCOOMÉTRICO                 ESTÁGIO MÍNIMO
                                        MÁXIMO (hl/há)           VOLÚMICO MÍNIMO (% Vol.)                   OBRIGATÓRIO (Meses)
Tinto                                    90                                          10,0                                                        4
Branco                               100                                          10,0
Rosado                               100                                          10,0

CASTAS TINTAS
VINHOS TINTOS E ROSADOS
Aragonez (Tinta Roriz), Bastardo, Cabernet Sauvignon, Complexa, Deliciosa,
Malvasia Cândida Roxa (Malvasia Roxa), Merlot, Syrah, Tinta Barroca, Tinta

Negra (Tinta Negra Mole), Touriga Franca (Touriga Francesa) e Touriga
Nacional.

CASTAS BRANCAS
Arinto, Arnsburger, Carão de Moça, Chardonnay, Chenin, Folgasão (Terrantez),
Malvasia Branca de São Jorge, Malvasia Cândida, Malvasia Fina (Boal),
Sauvignon, Sercial, Tália (Ugni Blanc) e Verdelho.

NOTA: Informação remetida pelo IVBAM - Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira, I.P.
Em itálico, entre parêntesis, são indicados os sinónimos reconhecidos.


Regiões Vitivinícolas | Madeira

DOC “Madeira”


LEGISLAÇÃO BASE
Portaria n.º 40/82, de 15 de Abril, da Secretaria Regional da Agricultura e Pescas, Decreto Regulamentar Regional n.º 20/85/M, de 21 de Outubro, Portaria n.º 125/98, de 29 de Julho, da Secretaria Regional da Agricultura, Florestas e Pescas e Portaria n.º 91/2000, de 09 de Outubro, da Secretaria Regional da Agricultura e Pescas.

ÁREA GEOGRÁFICA
A área geográfica correspondente à Denominação de Origem Controlada "Madeira" é coincidente com a área da Região Autónoma da Madeira apropriada à cultura da vinha e abrange as ilhas da Madeira e do Porto Santo.

TIPOS DE VINHO       RENDIMENTO              TÍTULO ALCOOMÉTRICO              ESTÁGIO MÍNIMO
                           MÁXIMO                         VOLÚMICO MÍNIMO                     OBRIGATÓRIO
 (hl/ha)                           (% Vol.)                                      (Meses)

VLQPRD                                80                              17 a 22 Adq

  • Garrafeira (ou Frasqueira)
Quando o designativo for associado ao ano da colheita, o produto seja obtido das castas nobres tradicionais, tenha sido o envelhecimento adiante referido e apresente qualidade destacada, devendo constar de conta-corrente específicas, antes e depois do engarrafamento:
Mínimo de envelhecimento 20 anos em casco e em garrafa 2 anos (3)

  • SUPERIOR:
Quando o produto tenha a qualidade destacada e seja obtido das Castas Nobres tradicionais, devendo constar da conta corrente especifica.
O designativo «Superior» poderá ser associado ao nome de casta (ex. Bual superior, Superior Malmsey.

  • Reserva Velha, Muito Velho (Old Reserve Very-Old)
Quando o produto tiver um envelhecimento mínimo de 10 anos e apresente quantidade destacada, com aprovação prévia da respectiva amostra-padrão.

  • Reserva, Velha (Old Vieux) Quando o produto tiver um envelhecimento mínimo de 5 anos e apresente boa qualidade, com aprovação prévia da respectiva amostra-padrão.

  • Seleccionado (Selected ; Choice, Finest)
Quando o produto tiver um envelhecimento mínimo de 3 anos e apresente boa qualidade, com a aprovação prévia da respectiva amostra-padrão.

  • Solera:
    O engarrafamento só poderá ser feito após 5 anos em cascos; de cada um dos cascos só poderá ser retirada anualmente, no máximo, 10% do vinho existente (4)

  • Canteiro (ou Vinho de Canteiro ou Vinho-Canteiro)
Vinho alcoolizado durante ou logo após a fermentação, sendo a seguir armazenado em cascos onde envelhece durante um período mínimo de 2 anos devendo constar de conta-corrente específica. (1)

  • Vinho de estufagem:
O envelhecimento por estufagem só pode ser efectuado a uma temperatura não superior a 50ºC e por um prazo nunca inferior a 3 meses. O vinho só pode ser engarrafado decorridos, pelo menos, 12 meses após a estufagem .(2)

  • Colheita:
Vinho de uma só colheita, com direito à indicação de data da respectiva vindima. Só pode ser engarrafado a partir de 31 de Outubro do quinto ano da data da vindima.

  • Rainwater
Quando o produto tiver uma cor entre o «dourado» e o «meio dourado», com o grau Baume compreendido entre 11,0 e 2,5 e apresente boa qualidade, com aprovação prévia da respectiva amostra-padrão..

(1) a contagem deste período não pode ser iniciada antes de 1 de Janeiro do ano seguinte, quando a alcoolização tenha sido efectuada durante a fermentação.
(2) nunca antes de 31 de Outubro do 2.º ano seguinte à colheita. A expedição/exportação a granel só pode ter lugar decorridos, pelo menos, 6 meses após a alcoolização e 3 meses após a estufagem, mas nunca antes
de 31 de Outubro do ano seguinte ao da respectiva colheita.
(3) quando o designativo for associado ao ano da colheita e o produto for obtido de castas nobres tradicionais.
(4) quando o designativo "Solera" for associado a uma data deverá ser a data de colheita do vinho base.



Características Organolépticas

O leque de tipos de Vinhos da Madeira assenta principalmente nas Castas Nobres de que são elaborados e das quais recebem os nomes por que são postos à disposição do consumidor.

Os mais importantes são:

  • Sercial; É o mais seco, de cor Âmbar com reflexos alaranjados, Bouquet Amendoado e um fino carácter.

  • Verdelho;  Menos seco que o anterior, de cor Âmbar ou Amarelo-Acastanhado, com bouquet amendoado, sabor meio seco e muito equilibrado.

  • Boal; Meio doce, rico de aroma e sabor.

  • Malvasia;  Muito aromático, macio e também muito doce.

  • Terrantez;  Certamente o mais raro, tem características de transição entre o Verdelho e o Boal.

  • Reserva ExtraCom uma Casta Nobre presente, no mínimo de 85% e Estágio Obrigatório  mínimo de 15 anos.

Todos estes vinhos apresentam uma graduação alcoólica que varia de 17 a 22 % em volume, e um teor de açúcar compreendido entre 0 e cerca de 150 gramas por litro. Este açúcar residual é o resultado da interrupção da fermentação alcoólica, por adição de álcool vínico com o mínimo de 96,0 %, em momentos diferentes da fermentação alcoólica, consoante se necessite de vinhos secos ou doces.

  • Quanto ao grau de doçura,

    Seco (Dry, Seco) com o grau Baume inferior a 1,5%. Poderão ser utilizadas as expressões extra-
Seco (Very Dry, Extra Dry, Extra Sec) quando o grau Baumé não ultrapassar 0,5º

  • Meio Seco (Medium Dry,) com o grau Baume compreendido entre 1º - 2,5º.

  • Meio Doce (Medium) Sweet, Medium Rich, Mix-Doux, Mi-Riche), com grau Baume compreendido entre 2,5º - 3,5º.

  • Doce [Sweet, Rich Cream, Doux, Riche) com o grau Baumé superior a 3,5º.






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